No complexo campo da saúde mental feminina, encontramos uma série de desafios únicos que, muitas vezes, são desencadeados por um conjunto diversificado de pressões sociais, expectativas culturais e exigências pessoais.
Um relatório impactante intitulado "Esgotadas: empobrecimento, a sobrecarga de cuidado e o sofrimento psíquico das mulheres", desenvolvido pela Organização Não Governamental (ONG) Think Olga, revelou uma realidade alarmante: 45% das mulheres brasileiras foram diagnosticadas com ansiedade, depressão ou outros transtornos mentais no contexto pós-pandemia de COVID-19.
Em alusão ao Dia Internacional das Mulheres, a Clínica Crescer preparou esse conteúdo exclusivo, onde abordaremos mais sobre doenças psicológicas, seus impactos em diferentes aspectos da vida cotidiana e, crucialmente, discutiremos estratégias eficazes para lidar com essas questões.
Boa leitura!
As doenças mentais, também conhecidas como transtornos mentais ou distúrbios psicológicos, são condições que afetam o funcionamento do cérebro e podem causar alterações significativas no pensamento, no comportamento e nas emoções de uma pessoa.
As mulheres enfrentam uma série de fatores únicos que as tornam mais vulneráveis ao desenvolvimento de doenças mentais. Algumas das razões incluem:
Diferenças hormonais entre homens e mulheres desempenham um papel importante em certas condições, como depressão e transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM).
Expectativas sociais e culturais em relação ao papel da mulher na sociedade, como equilibrar carreira e vida familiar, padrões de beleza irrealistas e discriminação de gênero, podem aumentar o estresse e a ansiedade.
Mulheres têm maior probabilidade de enfrentar traumas, como abuso sexual, violência doméstica e assédio, o que pode contribuir para o desenvolvimento de transtornos como o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e transtorno de estresse agudo.
Desigualdades socioeconômicas, como menor acesso a recursos financeiros, educação e oportunidades de emprego, aumentam o risco de estresse crônico e desenvolvimento de doenças mentais.
Além disso, as mulheres muitas vezes enfrentam uma carga desproporcional de responsabilidades familiares e domésticas, o que pode levar à exaustão física e emocional.
É importante destacar que as doenças mentais não discriminam com base no gênero, idade, raça ou status socioeconômico. No entanto, reconhecer e entender como esses fatores específicos afetam as mulheres é crucial para fornecer o apoio necessário e desenvolver estratégias eficazes de prevenção e tratamento.
A combinação dos fatores citados acima contribuem para aumentar a vulnerabilidade das mulheres a problemas de saúde mental. Entre esses fatores destacam-se doenças psicológicas que frequentemente afetam as mulheres, como:
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG).
Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC).
Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT).
Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM).
Depressão.
Transtorno de Personalidade Borderline.
Transtorno Bipolar.
O Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) é uma condição mental debilitante que impacta milhões de pessoas em todo o mundo, com uma incidência particularmente alta entre as mulheres. Dados da Pesquisa Nacional de Comorbidades (National Comorbidity Survey - NCS) estimam que mulheres têm, aproximadamente, duas vezes mais probabilidade de terem TAG.
A doença se caracteriza por uma preocupação excessiva e persistente em relação a uma ampla gama de eventos ou atividades cotidianas. O TAG pode se manifestar de maneiras que interferem significativamente na qualidade de vida e no bem-estar emocional das pessoas afetadas.
Para as mulheres, o TAG pode ser especialmente desafiador, já que muitas enfrentam uma variedade de pressões sociais, expectativas familiares e exigências profissionais que podem intensificar os sintomas ansiosos. Desde preocupações com a segurança dos entes queridos até a pressão para alcançar padrões idealizados de sucesso e perfeição, as mulheres muitas vezes enfrentam uma montanha-russa de ansiedades que podem ser esmagadoras.
Os sintomas do TAG incluem:
Preocupação excessiva com saúde, finanças, trabalho, família ou outros aspectos da vida;
Tensão muscular;
Fadiga;
Irritabilidade;
Problemas de sono;
Dificuldade de concentração.
Muitas vezes, esses sintomas são persistentes e difíceis de controlar, interferindo nas atividades diárias e causando angústia significativa.
O tratamento para o TAG geralmente envolve uma abordagem multifacetada que pode incluir terapia cognitivo-comportamental (TCC), técnicas de relaxamento, mudanças no estilo de vida e, em alguns casos, medicamentos ansiolíticos. A terapia é particularmente eficaz para ajudar as mulheres a identificar e desafiar padrões de pensamento ansiosos, desenvolver habilidades de enfrentamento saudáveis e aprender a gerenciar o estresse de maneira mais eficaz.
Leia mais: Principais sintomas que indicam uma crise de ansiedade
O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é uma condição mental complexa que afeta a vida de milhões de mulheres pelo mundo. Este transtorno é caracterizado pela presença de pensamentos intrusivos e recorrentes, conhecidos como obsessões, que desencadeiam a necessidade de realizar comportamentos repetitivos e ritualizados, chamados compulsões, como uma forma de aliviar a ansiedade associada.
Para as mulheres que vivenciam o TOC, essa condição pode se manifestar de várias maneiras, influenciando diversas áreas de suas vidas, desde relacionamentos pessoais até o desempenho no trabalho e a qualidade de vida geral. As obsessões abordam uma ampla gama de temas, incluindo preocupações com contaminação, ordem, segurança, religião, simetria ou agressão, entre outros.
Esses pensamentos intrusivos muitas vezes desencadeiam um ciclo de comportamentos compulsivos destinados a aliviar a ansiedade, mas que, na realidade, apenas reforçam os padrões disfuncionais de pensamento. Por exemplo, uma mulher com obsessões sobre contaminação pode se envolver em rituais de lavagem excessiva das mãos, enquanto outra com obsessões sobre segurança pode verificar repetidamente se as portas estão trancadas.
O impacto do TOC na vida das mulheres é profundo e afeta a saúde mental, o bem-estar emocional e o funcionamento diário. O transtorno leva ao desenvolvimento de sentimentos de vergonha, culpa e isolamento, além de interferir nas relações interpessoais e nas oportunidades de vida.
O tratamento para o TOC geralmente envolve uma combinação de terapia cognitivo-comportamental (TCC), especificamente a terapia de exposição e prevenção de resposta (ERP), e medicamentos, como inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS). A TCC ajuda as mulheres a desafiar e reestruturar seus padrões de pensamento obsessivos, enquanto a ERP oferece a oportunidade de enfrentar gradualmente as situações temidas sem realizar compulsões.
O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) é uma condição mental debilitante que afeta mulheres que tenham experimentado ou testemunhado um evento traumático. Segundo pesquisas promovidas pelo Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com outras instituições, a ocorrência de TEPT é duas vezes maior na população feminina, principalmente devido à prevalência de traumas específicos que elas enfrentam, como abuso sexual, violência doméstica e agressão sexual.
Para muitas mulheres, o TEPT pode se manifestar como uma constante reexperimentação do trauma através de flashbacks intrusivos, pesadelos perturbadores e pensamentos angustiantes relacionados ao evento traumático. Além disso, o TEPT pode levar a evitação de gatilhos relacionados ao trauma, hiperatividade autônoma e alterações negativas na cognição e no humor.
Os sintomas do TEPT podem ter um impacto profundo na vida das mulheres, interferindo em suas relações interpessoais, desempenho no trabalho, saúde física e bem-estar emocional. Muitas mulheres que sofrem de TEPT também enfrentam um alto grau de angústia emocional, sentimentos de isolamento e dificuldade em confiar nos outros.
O tratamento para o TEPT geralmente envolve uma combinação de terapia e, em alguns casos, medicamentos. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) e a terapia de dessensibilização e reprocessamento através dos movimentos oculares (EMDR) são abordagens comuns que ajudam as mulheres a processar o trauma, enfrentar os gatilhos relacionados e aprender a lidar com os sintomas de ansiedade e angústia.
É fundamental que as mulheres que sofrem de TEPT recebam o apoio necessário para lidar com seus sintomas e começar o processo de recuperação. O tratamento precoce e eficaz ajuda as mulheres a retomar o controle sobre suas vidas, superar os efeitos debilitantes do trauma e encontrar um caminho rumo ao bem-estar emocional e à resiliência.
Leia aqui: Transtorno do Estresse Pós-Traumático: um guia completo
O Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM) é uma condição de saúde mental que afeta algumas mulheres durante o período pré-menstrual e causa uma série de sintomas emocionais e físicos intensos. Enquanto muitas mulheres experimentam algum grau de desconforto pré-menstrual, aquelas com TDPM enfrentam sintomas severos o suficiente para interferir significativamente em suas vidas diárias e relacionamentos.
Os sintomas do TDPM incluem:
Irritabilidade intensa;
Raiva;
Depressão;
Ansiedade;
Tensão emocional;
Sensibilidade aumentada aos estímulos;
Mudanças de humor abruptas;
Fadiga extrema;
Dores musculares;
Dificuldade de concentração.
Esses sintomas podem ser tão debilitantes que prejudicam inclusive o funcionamento social, profissional e pessoal da mulher.
O TDPM é desencadeado por mudanças hormonais naturais que ocorrem no corpo feminino durante o ciclo menstrual, particularmente flutuações nos níveis de estrogênio e progesterona. Essas variações hormonais modificam a química cerebral e desencadeiam uma cascata de sintomas emocionais e físicos.
O tratamento para o TDPM pode envolver uma combinação de abordagens, incluindo mudanças no estilo de vida, terapia cognitivo-comportamental (TCC), medicamentos e terapias complementares.
A TCC ajuda as mulheres a identificar padrões de pensamento negativos e desenvolver estratégias de enfrentamento eficazes para lidar com os sintomas emocionais. Medicamentos, como antidepressivos ou contraceptivos hormonais, podem ser prescritos para ajudar a regular os hormônios e reduzir os sintomas.
A depressão é muito mais do que simplesmente sentir-se triste ou desanimado. É uma condição mental debilitante que afeta milhões de mulheres em todo o mundo, comprometendo seu bem-estar emocional, físico e mental.
Para as mulheres que vivenciam a depressão, cada dia pode parecer uma batalha árdua. Os sintomas variam desde sentimentos persistentes de tristeza, desesperança e vazio até mudanças no sono e no apetite, fadiga extrema, falta de interesse em atividades antes apreciadas, dificuldade de concentração e pensamentos suicidas.
Muitos fatores contribuem para o desenvolvimento da depressão em mulheres, incluindo alterações hormonais durante períodos de transição como a gravidez, o pós-parto e a menopausa, bem como pressões sociais e culturais, histórico familiar de depressão, eventos traumáticos e estresse crônico.
O tratamento engloba uma combinação de terapia psicológica, medicamentos antidepressivos e mudanças no estilo de vida, como exercícios físicos regulares, sono adequado e alimentação saudável.
Buscar ajuda profissional é fundamental, pois a depressão é uma doença que não pode ser superada simplesmente "colocando-se para cima" ou "tirando-se da cama". É uma condição complexa que requer cuidados e suporte contínuo. Com o tratamento adequado e o apoio de entes queridos, é possível encontrar a luz no fim do túnel e recuperar o prazer e a alegria na vida novamente.
O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é uma condição mental complexa que afeta a maneira como uma pessoa pensa, sente e se comporta, especialmente nas interações sociais e nos relacionamentos interpessoais.
Para as mulheres que vivenciam o TPB, as emoções podem ser como ondas violentas, oscilando entre extremos de intensidade. Elas correm o risco de apresentar sentimentos de vazio, instabilidade emocional, impulsividade, alterações frequentes de humor, medo do abandono e dificuldade em manter relacionamentos saudáveis e estáveis.
Os sintomas do TPB interferem significativamente na vida cotidiana das mulheres, impactando sua capacidade de funcionar efetivamente no trabalho, na escola e em seus relacionamentos pessoais. Essas oscilações emocionais intensas e a sensação de instabilidade podem criar um ciclo de autodestruição, levando a comportamentos impulsivos, como autolesão, abuso de substâncias e tentativas de suicídio.
As causas do TPB são complexas e envolvem uma combinação de fatores genéticos, biológicos, ambientais e psicossociais. Traumas precoces, negligência, abuso emocional, físico ou sexual e disfunção familiar desempenham um papel significativo no desenvolvimento do TPB.
O tratamento para o TPB geralmente envolve uma abordagem multifacetada, incluindo terapia psicodinâmica, terapia cognitivo-comportamental (TCC), terapia de grupo e, em alguns casos, medicamentos para tratar sintomas específicos, como depressão, ansiedade ou impulsividade.
O Transtorno Bipolar é uma condição mental caracterizada por mudanças extremas de humor, energia e atividade, que podem variar de episódios de euforia intensa e impulsividade (mania ou hipomania) a períodos de depressão profunda.
Para as mulheres que vivenciam o Transtorno Bipolar, as oscilações de humor podem ser avassaladoras, afetando sua capacidade de funcionar no trabalho, na escola e nos relacionamentos.
Durante os episódios de mania, elas podem se sentir incrivelmente energizadas, criativas e cheias de vida, mas também costumam se tornar propensas a comportamentos de risco, como gastos excessivos, comportamento sexual impulsivo e delírios de grandeza.
Por outro lado, durante os episódios de depressão, as mulheres com Transtorno Bipolar podem sentir-se desesperançosas, sem energia e incapazes de encontrar prazer nas atividades que antes apreciavam. Esses períodos de depressão são especialmente desafiadores e podem levar a sentimentos de desamparo e até mesmo pensamentos suicidas.
O tratamento para o Transtorno Bipolar geralmente envolve uma combinação de medicamentos estabilizadores de humor, como lítio, antipsicóticos e estabilizadores de humor atípicos, juntamente com psicoterapia, educação sobre a doença e gerenciamento de estilo de vida saudável.
Leia aqui: Conheça as diferenças entre borderline e bipolaridade
A Clínica Crescer oferece uma variedade de serviços de saúde mental para mulheres que enfrentam desafios psicológicos. Com uma equipe de profissionais qualificados e compassivos, proporcionamos um ambiente seguro e acolhedor para mulheres buscarem ajuda. Desde avaliação psicológica até psicoterapia individual e em grupo, a Clínica Crescer está comprometida em ajudar as mulheres a recuperarem seu bem-estar emocional e mental.
Se você está lutando com questões de saúde mental, não hesite em buscar ajuda. Na Clínica Crescer, estamos aqui para apoiá-lo em sua jornada rumo ao bem-estar emocional e à saúde mental. Marque sua consulta inicial e dar o primeiro passo em direção a uma vida mais plena e satisfatória.