Transtorno do Estresse Pós-Traumático: um guia completo

Transtorno do Estresse Pós-Traumático: um guia completo

Somos todos um grande conjunto de lembranças, histórias e vivências. Sejam elas boas ou ruins, todo mundo carrega uma história e um conjunto de memórias que se tornam significativas ao longo do tempo. 

 

Ainda que pareça poético, o fato é que nem sempre nossas lembranças são apenas lembranças encaixadas em um adjetivo bonito ou simples; algumas delas podem ser verdadeiros traumas que atormentam e causam sintomas que beiram o insustentável para conviver. Esses traumas podem originar um Transtorno de Estresse Pós-Traumático, TEPT.

 

O transtorno do estresse pós-traumático é um distúrbio da ansiedade caracterizado pelo conjunto de sinais e sintomas físicos, psíquicos e emocionais que estão atrelados à pessoa ter sido vítima ou testemunha de atos violentos ou situações traumáticas que representaram algum tipo de ameaça à vida. 

 

O TEPT é um transtorno que envolve recordações que devolvem a pessoa ao trauma, como se ela estivesse vivendo-o novamente, mergulhando em todo o pacote de sofrimento como se fosse a primeira vez. 

 

Essa recordação, conhecida como revivescência, desencadeia alterações neurofisiológicas e mentais. 

 

Agora que você tem uma visão geral sobre o transtorno de estresse pós-traumático, pode continuar conosco neste artigo que vamos te explicar melhor sobre o que é e como você pode fazer para cuidar e procurar ajuda. 

 

Como acontece o estresse pós-traumático?

As causas do estresse pós-traumático são de uma variedade infinita e quase incontável. Algumas das situações que podem ser geradoras do transtorno estão enquadradas entre ameaças à vida em todas as dimensões: física, psíquica, social, e outras.

 

E, como já comentamos, quem sobrevive a uma situação traumática e desenvolve o TEPT, costuma constatar que ao relatar ou se recordar do fato, por qualquer motivo que seja, parece estar revivendo o momento. Dessa forma, o sofrimento vivenciado volta à tona e causa um desencadeamento nas áreas neurofisiológicas e mentais.

 

Quem são as pessoas mais afetadas pelo TEPT?

Quando falamos em TEPT e pessoas que tendem a ser mais afetadas com ele, é impossível não citar veteranos de guerra, policiais, bombeiros e socorristas; que são pessoas cuja ocupação aumenta o risco a uma exposição de situações traumáticas.

 

Além deles, a maior concentração de pessoas que sofrem com o transtorno do estresse pós-traumático está entre sobreviventes de estupro, combate e captura militar, bem como sobreviventes de campos de concentração e genocídio, com motivação étnica e política.

 

Outro "grupo" que se encontra mais suscetível a sofrer com as consequências do TEPT são crianças que tiveram problemas emocionais até os 6 anos, ou que tenham algum transtorno mental. 

 

E vale dizer que quanto mais grave for o trauma, quanto maior for sua magnitude, maiores são as chances do transtorno do estresse pós-traumático fincar as garras e se manifestar. Por isso, é de extrema importância saber quais são os sintomas. 

 

Sintomas do Estresse Pós-Traumático

Os sintomas do estresse pós-traumático podem se manifestar em qualquer pessoa, de qualquer maneira, seja qual for a idade. Os principais sinais percebidos na hora de identificar este transtorno são:

 

  • Reexperiência traumática: pesadelos e lembranças espontâneas, involuntárias e recorrentes, como flashbacks do evento traumático;

  • Afastar-se de qualquer estímulo que possa desencadear as lembranças traumáticas, como situações, contatos ou atividades que possam se ligar ao acontecimento;

  • Hiperexcitabilidade psíquica: reações de fuga exagerados, episódios de pânico, distúrbios do sono, dificuldade de concentração, irritabilidade, hipervigilância, etc;

  • Sentimentos de impotência e incapacidade em se proteger do perigo, perda de esperança em relação ao futuro, sensação de vazio;

  • Sentimentos negativos;

  • Distanciamento emocional;

  • Efeitos negativos sobre o pensamento e o humor;

  • Ataques de raiva;

  • Aumento da frequência cardíaca e transpiração excessiva;

  • Alterações no estado de alerta e nas reações.

 

Algumas pessoas desenvolvem atos rituais para tentar aliviar a ansiedade; por exemplo, é possível que vítimas de violência sexual tomem banhos fervorosos para tentar remover a sensação de sujeira. Em outros casos, há pessoas que sofrem com o abuso de entorpecentes em uma tentativa de aliviar os sintomas do trauma. 

 

Esses e outros sintomas tendem a afetar as tarefas mais básicas do dia a dia, e podem se estender a compromissos maiores, como trabalho e até mesmo os relacionamentos. Também é comum que os sintomas demorem meses ou anos após o evento traumático para se manifestar.

 

A Clínica Crescer conta com uma equipe de profissionais da área de saúde mental e psiquiatras especializados para ajudar com os diversos tipos de transtornos. Você não está sozinho! Caso esteja se identificando com qualquer sintoma do nosso texto, procure ajuda clicando aqui.

 

Como é feito o diagnóstico do TEPT?

Assim como todas as psicopatologias, o diagnóstico do TEPT é feito pelo Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (DSM-5).

 

Para atender os critérios do diagnóstico, a pessoa deve ter sido exposta direta ou indiretamente a uma situação traumática, e deve apresentar os sintomas de cada uma das seguintes categorias por pelo menos 1 mês.  

 

Sintomas de intrusão

  • Ter memórias recorrentes, involuntárias, intrusivas e perturbadoras;

  • Ter sonhos perturbadores recorrentes, ou pesadelos, envolvendo o trauma;

  • Ter a sensação de que o trauma está acontecendo de novo, essa sensação pode se estender desde flashbacks até perda total de consciência;

  • Sofrer psicológica ou fisiologicamente com intensidade exacerbada ao lembrar do trauma. 

 

Sintomas de esquiva

  • Evitar pensamentos, sentimentos ou memórias que tenham qualquer associação ou ligação com o trauma;

  • Evitar atividades, locais, assuntos e até pessoas que resgatem ou desencadeiam qualquer relação com o trauma. 

 

Efeitos negativos sobre a cognição e o humor

  • Perda de memória para partes significativas do trauma, o que também pode ser chamada de amnésia dissociativa;

  • Convicções ou expectativas negativas persistentes e exageradas sobre si, sobre os outros e até mesmo sobre o mundo;

  • Pensamentos distorcidos persistentes sobre a causa ou consequências do trauma; o que geralmente leva a pessoa a culpar a si mesma;

  • Estado emocional negativo persistente, bem como sensações constantes de medo, horror, raiva, culpa, vergonha, etc;

  • Diminuição significativa do interesse ou participação em atividades significativas;

  • Sensação de distanciamento ou estranhamento em relação a outras pessoas;

  • Incapacidade persistente de experimentar emoções positivas como felicidade, satisfação e até sentimentos amorosos e carinhosos, etc.

 

Reatividade e excitação alteradas

  • Dificuldade para dormir;

  • Irritabilidade ou explosões fora do tom e exageradas;

  • Comportamento imprudente, ou especialmente autodestrutivo;

  • Problemas de concentração;

  • Maior resposta de sobressalto;

  • Hipervigilância.

 

Além dessa significativa lista, essas manifestações e sintomas devem causar sofrimento e prejudicar de maneira profunda e relevante o funcionamento social ou ocupacional; e não podem ser atribuíveis aos efeitos de uma substância ou de qualquer outra doença médica.

 

Como funciona o tratamento do estresse pós-traumático?

O tratamento do estresse pós-traumático visa diminuir os sintomas e entender o trauma e as situações que possam vir a impulsionar as lembranças negativas para, então, começar a amenizar os impactos na vida da pessoa.

 

A forma mais indicada de chegar nesses resultados é a partir da terapia cognitivo-comportamental (TCC). A TCC é uma abordagem da psicoterapia que entende a forma como o ser humano é afetado pelos acontecimentos, ao invés de focar nos acontecimentos em si. 

 

Ou seja: é a forma como cada pessoa vê, sente e pensa quanto à uma situação específica que causa qualquer tipo de desconforto, dor, incômodo, tristeza ou sensações negativas no geral.

 

Para a culpa que o sobrevivente sente, a psicoterapia direcionada a ajudá-los a entender e modificar suas atitudes punitivas e de autocrítica pode ser extremamente útil.

 

Quer entender um pouco melhor sobre a importância da terapia para a sua saúde mental? Clica aqui.

 

Outras práticas que podem ajudar na luta contra o TEPT

Além do auxílio da psicoterapia e psiquiatria, é importante saber que outras atitudes podem servir de aliadas no tratamento do estresse pós-traumático. 

 

A principal delas é contar com uma rede de apoio; é essencial que o sobrevivente possa contar com o apoio e contato frequente com outras pessoas de confiança como família e amigos, e esteja sempre tentando se inserir em ambientes propícios para a socialização.

 

Outra técnica aliada é a prática de exercícios físicos, meditação, e técnicas relacionadas ao bem-estar e que impulsione e aprimore cada vez mais a qualidade de vida. Assim, o transtorno do estresse pós-traumático pode ser revertido ou estabilizado. 

 

Uma vez que o sobrevivente consegue a plenitude de encontrar o equilíbrio emocional e físico, fica cada vez mais fácil para que ele seja capaz de lidar com sensações conflituosas e consiga transformar e melhorar sua reação à ela, e, por fim, voltar a viver de forma tranquila.

 

Sabendo da importância de um atendimento humanizado e dinâmico quando se trata de saúde mental, a Clínica Crescer possui uma equipe qualificada e psicoterapias em seus serviços para proporcionar bem-estar e cuidado profissional aos seus pacientes. Entre em contato conosco, clicando aqui, e faça uma visita à nossa unidade no Riacho Fundo-DF!

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