Somos todos um grande conjunto de lembranças, histórias e vivências. Sejam elas boas ou ruins, todo mundo carrega uma história e um conjunto de memórias que se tornam significativas ao longo do tempo.
Ainda que pareça poético, o fato é que nem sempre nossas lembranças são apenas lembranças encaixadas em um adjetivo bonito ou simples; algumas delas podem ser verdadeiros traumas que atormentam e causam sintomas que beiram o insustentável para conviver. Esses traumas podem originar um Transtorno de Estresse Pós-Traumático, TEPT.
O transtorno do estresse pós-traumático é um distúrbio da ansiedade caracterizado pelo conjunto de sinais e sintomas físicos, psíquicos e emocionais que estão atrelados à pessoa ter sido vítima ou testemunha de atos violentos ou situações traumáticas que representaram algum tipo de ameaça à vida.
O TEPT é um transtorno que envolve recordações que devolvem a pessoa ao trauma, como se ela estivesse vivendo-o novamente, mergulhando em todo o pacote de sofrimento como se fosse a primeira vez.
Essa recordação, conhecida como revivescência, desencadeia alterações neurofisiológicas e mentais.
Agora que você tem uma visão geral sobre o transtorno de estresse pós-traumático, pode continuar conosco neste artigo que vamos te explicar melhor sobre o que é e como você pode fazer para cuidar e procurar ajuda.
As causas do estresse pós-traumático são de uma variedade infinita e quase incontável. Algumas das situações que podem ser geradoras do transtorno estão enquadradas entre ameaças à vida em todas as dimensões: física, psíquica, social, e outras.
E, como já comentamos, quem sobrevive a uma situação traumática e desenvolve o TEPT, costuma constatar que ao relatar ou se recordar do fato, por qualquer motivo que seja, parece estar revivendo o momento. Dessa forma, o sofrimento vivenciado volta à tona e causa um desencadeamento nas áreas neurofisiológicas e mentais.
Quando falamos em TEPT e pessoas que tendem a ser mais afetadas com ele, é impossível não citar veteranos de guerra, policiais, bombeiros e socorristas; que são pessoas cuja ocupação aumenta o risco a uma exposição de situações traumáticas.
Além deles, a maior concentração de pessoas que sofrem com o transtorno do estresse pós-traumático está entre sobreviventes de estupro, combate e captura militar, bem como sobreviventes de campos de concentração e genocídio, com motivação étnica e política.
Outro "grupo" que se encontra mais suscetível a sofrer com as consequências do TEPT são crianças que tiveram problemas emocionais até os 6 anos, ou que tenham algum transtorno mental.
E vale dizer que quanto mais grave for o trauma, quanto maior for sua magnitude, maiores são as chances do transtorno do estresse pós-traumático fincar as garras e se manifestar. Por isso, é de extrema importância saber quais são os sintomas.
Os sintomas do estresse pós-traumático podem se manifestar em qualquer pessoa, de qualquer maneira, seja qual for a idade. Os principais sinais percebidos na hora de identificar este transtorno são:
Reexperiência traumática: pesadelos e lembranças espontâneas, involuntárias e recorrentes, como flashbacks do evento traumático;
Afastar-se de qualquer estímulo que possa desencadear as lembranças traumáticas, como situações, contatos ou atividades que possam se ligar ao acontecimento;
Hiperexcitabilidade psíquica: reações de fuga exagerados, episódios de pânico, distúrbios do sono, dificuldade de concentração, irritabilidade, hipervigilância, etc;
Sentimentos de impotência e incapacidade em se proteger do perigo, perda de esperança em relação ao futuro, sensação de vazio;
Sentimentos negativos;
Distanciamento emocional;
Efeitos negativos sobre o pensamento e o humor;
Ataques de raiva;
Aumento da frequência cardíaca e transpiração excessiva;
Alterações no estado de alerta e nas reações.
Algumas pessoas desenvolvem atos rituais para tentar aliviar a ansiedade; por exemplo, é possível que vítimas de violência sexual tomem banhos fervorosos para tentar remover a sensação de sujeira. Em outros casos, há pessoas que sofrem com o abuso de entorpecentes em uma tentativa de aliviar os sintomas do trauma.
Esses e outros sintomas tendem a afetar as tarefas mais básicas do dia a dia, e podem se estender a compromissos maiores, como trabalho e até mesmo os relacionamentos. Também é comum que os sintomas demorem meses ou anos após o evento traumático para se manifestar.
A Clínica Crescer conta com uma equipe de profissionais da área de saúde mental e psiquiatras especializados para ajudar com os diversos tipos de transtornos. Você não está sozinho! Caso esteja se identificando com qualquer sintoma do nosso texto, procure ajuda clicando aqui.
Assim como todas as psicopatologias, o diagnóstico do TEPT é feito pelo Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (DSM-5).
Para atender os critérios do diagnóstico, a pessoa deve ter sido exposta direta ou indiretamente a uma situação traumática, e deve apresentar os sintomas de cada uma das seguintes categorias por pelo menos 1 mês.
Ter memórias recorrentes, involuntárias, intrusivas e perturbadoras;
Ter sonhos perturbadores recorrentes, ou pesadelos, envolvendo o trauma;
Ter a sensação de que o trauma está acontecendo de novo, essa sensação pode se estender desde flashbacks até perda total de consciência;
Sofrer psicológica ou fisiologicamente com intensidade exacerbada ao lembrar do trauma.
Evitar pensamentos, sentimentos ou memórias que tenham qualquer associação ou ligação com o trauma;
Evitar atividades, locais, assuntos e até pessoas que resgatem ou desencadeiam qualquer relação com o trauma.
Perda de memória para partes significativas do trauma, o que também pode ser chamada de amnésia dissociativa;
Convicções ou expectativas negativas persistentes e exageradas sobre si, sobre os outros e até mesmo sobre o mundo;
Pensamentos distorcidos persistentes sobre a causa ou consequências do trauma; o que geralmente leva a pessoa a culpar a si mesma;
Estado emocional negativo persistente, bem como sensações constantes de medo, horror, raiva, culpa, vergonha, etc;
Diminuição significativa do interesse ou participação em atividades significativas;
Sensação de distanciamento ou estranhamento em relação a outras pessoas;
Incapacidade persistente de experimentar emoções positivas como felicidade, satisfação e até sentimentos amorosos e carinhosos, etc.
Dificuldade para dormir;
Irritabilidade ou explosões fora do tom e exageradas;
Comportamento imprudente, ou especialmente autodestrutivo;
Problemas de concentração;
Maior resposta de sobressalto;
Hipervigilância.
Além dessa significativa lista, essas manifestações e sintomas devem causar sofrimento e prejudicar de maneira profunda e relevante o funcionamento social ou ocupacional; e não podem ser atribuíveis aos efeitos de uma substância ou de qualquer outra doença médica.
O tratamento do estresse pós-traumático visa diminuir os sintomas e entender o trauma e as situações que possam vir a impulsionar as lembranças negativas para, então, começar a amenizar os impactos na vida da pessoa.
A forma mais indicada de chegar nesses resultados é a partir da terapia cognitivo-comportamental (TCC). A TCC é uma abordagem da psicoterapia que entende a forma como o ser humano é afetado pelos acontecimentos, ao invés de focar nos acontecimentos em si.
Ou seja: é a forma como cada pessoa vê, sente e pensa quanto à uma situação específica que causa qualquer tipo de desconforto, dor, incômodo, tristeza ou sensações negativas no geral.
Para a culpa que o sobrevivente sente, a psicoterapia direcionada a ajudá-los a entender e modificar suas atitudes punitivas e de autocrítica pode ser extremamente útil.
Quer entender um pouco melhor sobre a importância da terapia para a sua saúde mental? Clica aqui.
Além do auxílio da psicoterapia e psiquiatria, é importante saber que outras atitudes podem servir de aliadas no tratamento do estresse pós-traumático.
A principal delas é contar com uma rede de apoio; é essencial que o sobrevivente possa contar com o apoio e contato frequente com outras pessoas de confiança como família e amigos, e esteja sempre tentando se inserir em ambientes propícios para a socialização.
Outra técnica aliada é a prática de exercícios físicos, meditação, e técnicas relacionadas ao bem-estar e que impulsione e aprimore cada vez mais a qualidade de vida. Assim, o transtorno do estresse pós-traumático pode ser revertido ou estabilizado.
Uma vez que o sobrevivente consegue a plenitude de encontrar o equilíbrio emocional e físico, fica cada vez mais fácil para que ele seja capaz de lidar com sensações conflituosas e consiga transformar e melhorar sua reação à ela, e, por fim, voltar a viver de forma tranquila.
Sabendo da importância de um atendimento humanizado e dinâmico quando se trata de saúde mental, a Clínica Crescer possui uma equipe qualificada e psicoterapias em seus serviços para proporcionar bem-estar e cuidado profissional aos seus pacientes. Entre em contato conosco, clicando aqui, e faça uma visita à nossa unidade no Riacho Fundo-DF!